Mangueira se cala: morre Luizito.
No último carnaval, antes de nos deixar, Luizito, como era mais conhecido o intérprete oficial da Verde e Rosa, foi premiado com o Estandarte de Ouro.
Diogo Coelho - Brasil de Fato,
Sete anos depois de ver partir Jamelão, sua voz histórica e inesquecível, a Estação Primeira de Mangueira perdeu no último dia 6 aquele que acabou se firmando como o sucessor do velho mestre. José Luis Couto Pereira da Silva, ou simplesmente Luizito, como era mais conhecido o intérprete oficial da Verde e Rosa desde 2007, morreu vítima de infarto no morro da Mangueira, poucas horas após retornar de mais um ensaio na quadra da Escola.
Luizito começou a cantar ainda menino, aos nove anos, no grupo Pequenos Cantores da Guanabara. Estreou no carnaval carioca em 1983, na Caprichosos de Pilares, ao lado de Carlinhos de Pilares. Foi para a equipe de intérpretes auxiliares de Jamelão na Mangueira em 1998, ano em que a escola levou o título com um enredo sobre Chico Buarque. Em 2007, quando Jamelão, pouco antes de morrer, não tinha mais condições de saúde para desfilar, Luizito tornou-se o intérprete oficial da Verde e Rosa.
Estandarte
No início, Luizito enfrentou muita desconfiança e resistência. Em mais de um ano, chegou a dividir o posto de principal voz da Estação Primeira com dois outros intérpretes. Mas persistiu e fez valer a identidade criada com a escola. Arrepiava os componentes no início do desfile com seu grito de guerra: “Chegou a garra, chegou a emoção, chegou a escola de samba mais querida do planeta!”. Merecidamente, no último carnaval, antes de nos deixar, foi premiado com o Estandarte de Ouro.
Coração
Luizito morreu horas depois de cumprir um ritual: ir até a quadra da escola em dia de apresentação dos sambas concorrentes. É uma pena que não estará na avenida em 2016 entoando o hino mangueirense. Mas, como diz a letra do samba, “o sambista vive eternamente no coração da gente”.
*Diogo Coelho é colunista do Brasil de Fato RJ.
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