Ex-Motosserra de Ouro assume a Comissão de Meio Ambiente do Senado

Megaempresário e ex-governador Blairo Maggi, um dos reis da soja no Brasil, é eleito por senadores e provoca o repúdio de ONGs ambientalistas



Maurício Thuswohl na Rede Brasil Atual,
Rio de Janeiro – A definição dos comandantes e titulares das mais importantes comissões do Senado continua a preparar o tabuleiro político para 2014. Após a eleição ontem (26) do petista Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, para a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, hoje (27) foi a vez do megaempresário e ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), ser eleito para presidir a Comissão de Meio Ambiente. A escolha é, no mínimo, curiosa, já que Maggi é o maior plantador de soja do Brasil e durante muitos anos foi apontado pelo movimento socioambiental brasileiro como um dos principais inimigos do meio ambiente no país, tendo ganho, inclusive, o famigerado Prêmio Motosserra de Ouro.
Político que nutre uma boa relação com Dilma Rousseff, sendo inclusive o principal interlocutor da presidenta no instável PR, e ainda cotado para assumir o Ministério da Agricultura em uma eventual reforma ministerial, Maggi garante que não é um bicho tão feio como muitos pintam. Em entrevista publicada hoje no jornal O Globo, ele diz que, na verdade, deteve o desmatamento em Mato Grosso: “Quando assumi o governo, o índice de desmatamento era crescente. Quando me elegi, disseram que tinham colocado a raposa para tomar conta do galinheiro. Mas, se pegarem os números depois que eu saí, verão que houve redução de 90% no desmatamento. É possível aliar produção e preservação”.
Maggi se coloca como a “pessoa ideal” para assumir a Comissão de Meio Ambiente do Senado. “Conheço bem o que as ONGs e os produtores pensam, como agem e o que querem. Tenho todas as credenciais para ocupar [a presidência da Comissão]”, diz. O senador afirma também que “se tem alguém que sabe cuidar do meio ambiente, esse alguém é o agricultor, que sabe olhar para a terra e defendê-la, pois ali está o seu ganha-pão”.
A opinião que Maggi tem de si mesmo, no entanto, diverge bastante daquela expressada por ambientalistas, que sempre estiveram na cola do atual senador. O “ponto alto” das citações ao empresário e produtor de soja como inimigo do meio ambiente no Brasil veio em 2005, quando Maggi ainda governava Mato Grosso e foi agraciado, em eleição organizada pela organização não governamental Greenpeace, com o prêmio Motosserra de Ouro. Naquela ocasião, ferviam em todo o Brasil os debates acerca do avanço da fronteira agrícola da soja sobre a floresta amazônica e da introdução ilegal de soja transgênica no Sul do país.

'Só temos a lamentar'

Oito anos depois, a opinião dos ambientalistas sobre Maggi parece não ter mudado. “A gente só tem a lamentar sua escolha para a Comissão”, resume Carlos Henrique Painel, dirigente do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente (FBOMS). O ambientalista define Maggi: “É um legítimo ganhador do Prêmio Motosserra, um dos responsáveis pela expansão da soja no Brasil. Um senador e ex-governador que reconhecidamente é do agronegócio e que lutou muito pelas mudanças no Código Florestal que prejudicaram o país. A Comissão de Meio Ambiente do Senado agora se junta a um Ministério do Meio Ambiente que já não atua”.
Painel lamenta que a escolha de Maggi se dê com o que ele define como aval do Planalto: “É mais um passo em direção ao retrocesso na área ambiental do governo Dilma. O governo está se colocando de maneira desenvolvimentista ao extremo e, para isso, está tirando qualquer obstáculo ao crescimento pretendido. A questão ambiental é vista por esse governo como um obstáculo, e não como uma solução para os problemas do desenvolvimento do país”.
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