O " FURTO SEXUAL " DE RUSSOMANO

“Russomanno não entende nada da luta das mulheres”

Para feminista, projeto de autoria do candidato que atera o termo estupro para “assalto sexual” não ajuda em nada no combate à violência


Russomanno apalpa o seio de uma mulher no Carnaval quando era repórter de TV: seria umfurto sexual

Adriana Delorenzo no Spresso SP

No debate com os candidatos à Prefeitura de São Paulo exibido na noite desta segunda (24) pela TV Gazeta, Celso Russomanno (PRB) foi alvo de seus concorrentes que questionaram as diversas propostas consideradas “bizarras” do candidato. Entre elas, a que cobra passagem de ônibus mais cara para quem mora mais longe, o que penalizaria os moradores da periferia. O psolista Carlos Giannazi lembrou de uma outra proposta apresentada por Russomanno quando ele era deputado federal, que altera a expressão “estupro” para “assalto sexual” no Código Penal.

Em 2006, Russomanno apresentou, na Câmara, o Projeto de Lei 6482 justificando que o termo “estupro traz consigo inegável carga de constrangimento”. Pela lógica do então parlamentar, a saída era mudar o nome dessa violência. Ainda segundo a justificativa, muitos “sentimentos negativos foram associados à expressão ao longo de sua utilização”. E para terminar, diz ainda: “o emprego desse jargão já imprime constrangimento à mulher vítima da conduta descrita no tipo que leva esse nome”.

“Esse Projeto de Lei mostra como Russomanno não entende nada das questões da luta das mulheres contra a violência”, afirma Camila Furchi, da Marcha Mundial das Mulheres. As feministas vêm há anos tentando mostrar para a sociedade como a violência é uma forma de coagir as mulheres para controlar seus corpos e suas atitudes. É comum, as mulheres chegarem às delegacias para denunciar a violência da qual foram vítimas e ainda serem constrangidas com perguntas como “Mas você estava sozinha?” “Qual roupa vestia?”, numa tentativa de culpar a mulher pela violência sofrida. A própria Marcha das Vadias nasceu daí, quando um policial orientou as mulheres a não se vestirem como “vadias” para evitar o estupro.

“Russomanno mostra maior preocupação em modernizar o termo linguístico do que enfrentar o problema da violência contra as mulheres”, completa Camila. No projeto de lei, Russomanno também utiliza como justificativa que legislações do Canadá e dos Estados Unidos utilizam o termo modernizado, traduzido por ele como “assalto sexual”.
Camila ressalta a importância de acabar com a impunidade e a “culpabilização” da mulher nos casos de violência. Estupro é considerado crime hediondo pelo Código Penal brasileiro e deve ser denunciado. O projeto de Russomanno está arquivado na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
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