Os problemas dos tucanos com o trecho Norte do Rodoanel


Um "barato" que pode sair caro: A Serra da Cantareira é um fragmento
da Mata Atlântica com várias espécies de fauna e flora.

Blog do Zé Dirceu e Correio do Brasil
Há poucos dias o governo de São Paulo conseguiu a aprovação pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, de autorização para a contratação do empréstimo externo de US$ 1,148 bilhão junto ao Banco Interamericamo de Desenvolvimento (BID) para a construção do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas. O empréstimo já havia sido aprovado pelo BID em novembro do ano passado e tem a garantia do Governo Federal.
Com a decisão, o governo do tucano Geraldo Alckmin dá mais um passo para a construção do último trecho do Rodoanel. O problema é que, entre as três alternativas disponíveis de traçado para a obra, os tucanos escolheram a “mais barata”. Um traçado que, além de implicar danos irreparáveis ao meio ambiente e à própria cidade de São Paulo, vai desabrigar milhares de pessoas.
“Não sabemos ainda ao certo quantos moradores serão atingidos pois o levantamento do número de pessoas está sendo feito. Mas com certeza não serão somente os perto de dois mil e quinhentos imóveis, segundo foi divulgados pelo governo de São Paulo”, disse o deputado estadual Zico Prado, do PT, que tem utilizado o seu mandato para dar respaldo às comunidades que serão prejudicadas com o projeto. Segundo ele, somente em uma das comunidades que visitou há um número de imóveis próximo a este divulgado. “Trata-se de uma evidente enganação”, afirma Zico.
Os vereadores do PT em São Paulo também têm se movimentado contra o traço escolhido pelo governo tucano. Francisco Chagas é um dos que está envolvido na luta dos moradores e que critica a escolha do traçado escolhido. José Américo enviou carta ao Secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge, propondo que este “não conceda nenhuma licença que autorize o início das obras” pois o traçado escolhido desrespeita o Plano Diretor da cidade (é o caso da zonas especiais de proteção ambiental e a lei do tombamento do Parque Estadual da Cantereira). Ao mesmo tempo, a rodovia, que deveria distar entre 20 e 40 kms. do centro da cidade, passa a apenas entre 8 e 9 kms. do marco zero.
Caso será levado por ambientalistas à Rio 20
Os problemas da construção do Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas serão expostos na conferência internacional do meio ambiente Rio que acontece de 13 a 22 de junho no Rio de Janeiro, reunindo mais de 100 chefes de estados de todas as partes do mundo.
Os ambientalistas tentam impedir a concretização do empréstimo do BID. Segundo um dos líderes do movimento, o agrônomo Mauro Víctor, a autorização do Senado não garante que o empréstimo venha a ocorrer de fato: “até o último momento pode haver reversão do empréstimo. Há precedente histórico na luta de nossa comunidade. Há 20 anos foram barrados US$ 48 milhões, também do BID, que já estavam autorizados. Foi no caso da construção da avenida de fundo de vale do córrego Tremembé, que iria desalojar 5.000 pessoas, rasgar o Horto Florestal e expor o paredão sul da Cantareira à especulação”, explica.
Ele diz também que existem mais de 20 ações em âmbitos local, regional, nacional e internacional contra a obra. Uma delas já resultou na decisão do próprio BID de enviar uma equipe que verifique in loco as ameaças às famílias e ao meio ambiente denunciadas pelo movimento, que reúne 60 entidades, entre associações e movimentos.
Moradores do bairro Brasil Novo, cerca de 700 famílias ameaçadas pelo último (dos muitos) traçados do rodoanel norte, em reunião com o vereador José Américo.

Um “barato” que pode sair bem mais caro
No final das contas, a decisão adotada pelo governo Alckmin, de escolher o trajeto mais econômico do ponto de vista dos gastos imediatos, pode se mostrar aquele “barato que sai caro”. Se vai atingir tanta gente – os vereadores e deputados envolvidos falam em mais de 20 mil pessoas, mas este número também não é confiável pois o levantamento ainda não está concluído –, se vai causar tantos prejuízos ao meio ambiente e á cidade, pode bem ser o caso de o governo rever tal decisão.
Um dos problemas levantados por Mauro Víctor está no enorme volume de terra a ser removido das encostas da Cantareira, 50 milhões de metros cúbicos. “Aonde vai essa terra? Vai rodar aqui para baixo, através do Cabuçu de Cima e do Cabuçu de Baixo, afluentes do Tietê”, alimentando o problema das enchentes. “A cidade não aguenta mais isso”, reclama.
Ao que tudo indica, a questão do Trecho Norte do Rodoanel não é uma fatura encerrada. Vamos acompanhar e ver o que acontece com a repercussão do caso na Rio 20, assim como a visita da comissão a ser designada pelo BID, para fazer a avaliação local da situação, no segundo semestre, ainda sem data definida.
(José Dirceu)
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