MÚSICAS E INTERPRETAÇÕES - TOM JOBIM



Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu em 25 de janeiro de 1927, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em 1931, ano de nascimento de sua única irmã, Helena, a família se muda para Ipanema. Aos 13 anos inicia seus estudos de piano com Hans Joachim Koellreuter, um jovem alemão que fugira do nazismo. Nesse tempo ele preferia certas aventuras e a prática de esportes. No alto de uma pirâmide humana na praia de Ipanema, em 1944, Tom tentou se apoiar no ombro de um amigo. Escorregou no corpo suado e despencou na areia o que resultou numa crônica dor no nervo ciático. “Ipanema perdia um jovem atleta que praticava capoeira, peteca e vôlei de praia, além de atravessar a nado a Lagoa Rodrigo de Freitas” sem dificuldades. Para compensar, estava nascendo para o mundo o mais conhecido e um dos mais respeitados compositores brasileiros.
     Em 1946, entra para a Faculdade de Arquitetura, que é abandonada naquele mesmo ano. Em 1949, casa-se com Thereza Hermanny, uma paulista pela qual se apaixonara sete anos antes em Ipanema. No ano seguinte nasce Paulo, primeiro filho do casal. Em junho de 1953 acontece a primeira gravação de suas músicas: Pensando em VocêFaz uma semana(também de João Stockler), na voz de Ernani Filho.
     Já em 1954, Dick Farney e Lúcio Alves gravam Tereza da Praia, que se tornou o primeiro sucesso de Tom, em parceria com Billy Blanco. Neste mesmo ano seria lançado o LP Sinfonia do Rio de Janeiro, também em parceria com Billy Blanco, e Tom conheceria Vinícius de Moraes, de quem se tornaria parceiro, dois anos mais tarde, ao musicar a peça Orfeu da Conceição. Em agosto de 57, nasce Elizabeth, sua segunda filha. Em 1958, compõe a trilha sonora para o filme Pista de Grama, de Haroldo Costa. A música Eu não existo sem você, de Tom e Vinícius, inédita na época, foi cantada no filme por Elizete Cardoso, com acompanhamento de João Gilberto no violão e Tom ao piano. Ainda nesse ano, surgiriam o LP Canção do Amor Demais, em parceria com Vinicíus, tendo João Gilberto ao violão e Elizete Cardoso como cantora; e as gravações de Desafinado e Chega de Saudade, por João Gilberto. Era o grande passo para a Bossa Nova consquistar o mundo.
     Em 1962, Tom e Vinícius compõem Garota de Ipanema e, em novembro do mesmo ano acontece o show da Bossa Nova no Carnegie Hall, em New York. É a primeira viagem de Tom ao Estados Unidos. Em menos de 5 anos, em janeiro de 1967, começaria a gravação do LP Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim. A América já havia se rendido a Tom Jobim e à Bossa Nova. Nos próximos dez anos sua vida seria uma eterna ida e vinda entre Brasil e Estados Unidos. Em maio 1978 Tom viaja com Ana Beatriz Lontra para New York, em lua de mel. O primeiro filho do casal, terceiro de Tom, João Francisco, nasceria em outubro de 1979. Em março de 1987 nasce sua quarta filha, Maria Luíza Helena. Tom já tem 60 anos.
     Tom Jobim morreu no dia 8 dezembro de 1994, no Hospital Mount Sinai, em New York. Já nesta época, eram sete as músicas suas com mais de 1 milhão de execuções nos Estados Unidos (John Lennon e Paul McCartney, os estrangeiros mais tocados no país, tinham 12).
     Águas de março é uma das mais representativas composições da obra de Tom Jobim e foi seu último grande sucesso como compositor e letrista; lançada inicialmente em compacto simples encartado no semanário "O Pasquim" em 1972, seria posteriormente gravada em dueto com Elis Regina e o próprio Tom, no célebre disco "Elis & Tom" gravado em Los Angeles, EUA em 1974.


 Tom Jobim e Elis Regina - Programa Fantástico Rede Globo - 1974 



Marisa Monte e David Byrne - The Red Hot Organization & MTV Brasil 1996 

 "Águas de Março" em hebraico - CTV - 2008 

Jane Monheit - Show em NY - 2002 

Yo Yo Ma Live Concert with Rosa Passos - Taipei - 2003 

Bossacucanova Show no Canecão em 2007

Ana Paula Silva - Show na Argentina - 2010 

João Bosco - Live at Mezzo TV - 2004 


Águas de Março
É pau, é pedra,

é o fim do caminho
É um resto de toco,
é um pouco sozinho
É um caco de vidro,
é a vida, é o sol
É a noite, é a morte,
é um laço, é o anzol
É peroba do campo,
é o nó da madeira
Caingá, candeia,
é o Matita Pereira
É madeira de vento,
tombo da ribanceira
É o mistério profundo,
é o queira ou não queira
É o vento ventando,
é o fim da ladeira
É a viga, é o vão,
festa da cumeeira
É a chuva chovendo,
é conversa ribeira
Das águas de março,
é o fim da canseira
É o pé, é o chão,
é a marcha estradeira
Passarinho na mão,
pedra de atiradeira
É uma ave no céu,
é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte,
é um pedaço de pão
É o fundo do poço,
é o fim do caminho
No rosto o desgosto,
é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego,
é uma conta, é um conto
É uma ponta, é um ponto,
é um pingo pingando
É um peixe, é um gesto,
é uma prata brilhando
É a luz da manhã,
é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia,
é o fim da picada
É a garrafa de cana,
o estilhaço na estrada
É o projeto da casa,
é o corpo na cama
É o carro enguiçado,
é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte,
é um sapo, é uma rã
É um resto de mato,
na luz da manhã
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
É uma cobra, é um pau,
é João, é José
É um espinho na mão,
é um corte no pé
É um passo, é uma ponte,
é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte,
é uma febre terçã
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
Waters of March
A stick, a stone,
It's the end of the road,
It's the rest of a stump,
It's a little alone
It's a sliver of glass,
It is life, it's the sun,
It is night, it is death,
It's a trap, it's a gun
The oak when it blooms,
A fox in the brush,
A knot in the wood,
The song of a thrush
The wood of the wind,
A cliff, a fall,
A scratch, a lump,
It is nothing at all
It's the wind blowing free,
It's the end of the slope,
It's a beam, it's a void,
It's a hunch, it's a hope
And the river bank talks
of the waters of March,
It's the end of the strain,
The joy in your heart
The foot, the ground,
The flesh and the bone,
The beat of the road,
A slingshot's stone
A fish, a flash,
A silvery glow,
A fight, a bet,
The range of a bow
The bed of the well,
The end of the line,
The dismay in the face,
It's a loss, it's a find
A spear, a spike,
A point, a nail,
A drip, a drop,
The end of the tale
A truckload of bricks
in the soft morning light,
The shot of a gun
in the dead of the night
A mile, a must,
A thrust, a bump,
It's a girl, it's a rhyme,
It's a cold, it's the mumps
The plan of the house,
The body in bed,
And the car that got stuck,
It's the mud, it's the mud
Afloat, adrift,
A flight, a wing,
A hawk, a quail,
The promise of spring
And the riverbank talks
of the waters of March,
It's the promise of life
It's the joy in your heart
A stick, a stone,
It's the end of the road
It's the rest of a stump,
It's a little alone
A snake, a stick,
It is John, it is Joe,
It's a thorn in your hand
and a cut in your toe
A point, a grain,
A bee, a bite,
A blink, a buzzard,
A sudden stroke of night
A pin, a needle,
A sting, a pain,
A snail, a riddle,
A wasp, a stain
A pass in the mountains,
A horse and a mule,
In the distance the shelves
rode three shadows of blue
And the riverbank talks
of the waters of March,
It's the promise of life
in your heart, in your heart
A stick, a stone,
The end of the road,
The rest of a stump,
A lonesome road
A sliver of glass,
A life, the sun,
A knife, a death,
The end of the run
And the riverbank talks
of the waters of March,
It's the end of all strain,
It's the joy in your heart.

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